sexta-feira, 9 de maio de 2014

Senna e Prost: Ódio ou respeito?

Boxes da Rothmans Williams Renault em 1994

Com o "aniversário" 20 anos da morte de Ayrton Senna, muitas homenagens foram feitas, dentre elas inúmeros documentários e reportagens produzidos pela Rede Globo, SBT, SporTV, BBC Londres, Sky Sports... Ou seja, um infinito material, rico em imagens inéditas e belas fábulas acerca do mítico tricampeão.


Claro que com o nome Senna em evidência logo vem aquele que o associa à imagem de Alain Prost, francês tetracampeão e um dos maiores adversários de Ayrton dentro do circulo da Fórmula 1.

Para os que se lembram do filme "Senna", que faz crer que Prost, juntamente com Balestre, é o maior vilão que já pisou em um autódromo de F1, traço as seguintes linhas.
Alain não é o demônio criado pelo curta "Senna", assim como o próprio Ayrton não era a pessoa mais fácil de se conviver do mundo. Para comprovar isso basta ler as milhares de biografias acerca de brasileiro.

Desentendimentos são normais entre companheiros de equipe, que antes de mais nada competem entre si, antes mesmo de competir com os demais pilotos. No entanto, estamos falando de dois dos maiores pilotos que já estiveram na categoria.
Prost era calculista, conhecido como le professeur, ou o professor, Alain jamais arriscava perder tudo se a posição que detinha lhe era suficiente para continuar na frente no campeonato ou ao menos manter-se vivo nele. Certamente ele não brigaria por uma vitória se o segundo lugar fosse a ele vantajoso. Não é por acaso que era uma tragédia em pistas molhadas ou mesmo para negociar simples ultrapassagens sobre retardatários. Todavia, o francês sabia, como poucos, utilizar-se a política que existe na Fórmula 1, e o fez através de Jean Marie Balestre (isso é história para uma futura postagem). 
Mas falemos também de coisas boas sobre Alain, que era um piloto extraordinário, excepcional que quando exigido ou pressionado andava como poucos, basta se recordar da temporada de 86, onde leão Nigel Mansell e Nelson Piquet, ambos pilotos da Williams-Honda, o melhor carro da temporada, foram derrotados pela astúcia e frieza do francês narigudo que guiava a McLaren-Tag.
Não vamos puxar o saco demais de Alain, mas devemos admitir que ele era espetacular, e Senna quando entrou na Fórmula 1 sabia disso e o respeitava quando chegou à McLaren em 88, junto com os propulsores japoneses da Honda, que mais pareciam canhões! 

O "novato" Senna queria derrotar o "melhor piloto do mundo" na época, em suas próprias palavras. E foi isso que Ayrton fez em 88; ganhando o título de forma impressionante com uma última corrida simplesmente fantástica em Suzuka, logo após uma largada desastrosa (despencou da 1ª para 14ª posição) o que resultou em uma corrida de recuperação poucas vezes já vista. O ano acabou bem, das 16 corridas a McLaren ganhou 15 (Senna 8, Prost 7), e fez outras 15 as poles positions (13 delas com Senna). Domínio parecido visto apenas com a Williams em 1992, Ferrari em 2002 e a Red Bull em 2011 e 2013.

Turma da McLaren e da Honda junto ao MP4/4
Iniciada a temporada de 89, Prost queria mostrar para a McLaren e para Senna que ainda era o dono do pedaço. Visando isso ficou em segundo no GP Brasil (Senna foi o 11º) e no GP seguinte, de San Marino em Ímola tomou o primeiro posto de Senna logo na largada, antes mesmo da Tamburello. O francês costumava sempre largar bem.
No entanto, foi aí que Ayrton descumpriu um acordo de "cavalheiros" firmado entre ele, Prost e Ron Dennis, chefe da equipe - quem fizesse a primeira curva na liderança da corrida não poderia ser atacado pelo outro até o final da primeira volta - Senna atacou e ultrapassou Prost no final da curva Villeneuve, ainda durante o primeiro giro. Bastou isso para ser iniciada uma verdadeira guerra entre eles, incluindo problemas internos na McLaren e na Honda, bem como troca de acusações entre eles que culminaram na saída de Prost para a Ferrari no final da temporada.
Estava claro que ambos não queriam perder, fato que gerou os infortúnios episódios em Suzuka em 89 e 90, com acidentes propositais que definiram o campeonato de pilotos.



Tem treta que acontece por causa de mulher, a deles começou por causa dessa ultrapassagem 

Mas, para ser sincero, escrevi tudo isso tendo como maior motivação a publicação da ex-assessora de imprensa de Ayrton, Betise Assumpção Head, casada com Patrick Head (aquele mesmo engenheiro/sócio da Williams). Tal publicação foi veiculada em seu blog (clique aqui para ler), na qual ela narra que "correu" para tirar Alain Prost da primeira fila dos encarregados de carregar o caixão de Ayrton, isso em respeito à Senna pelo fato de ele "odiar" Prost.



Uma postagem como essa é capaz de fazer pessoas crerem no demônio Prost, criado com contribuição do filme já citado. O qual entendo não existir!
Eles eram duros inimigos nas pistas e não era amigos fora delas, isso é fato. No entanto, havia um respeito pelo que um representava para o outro.
A conclusão final de toda a baboseira escrita acima é de que Senna queria vencer Alain por considerar ele o melhor de sua época.



Hoje não se lembra de Senna sem Prost, e nem de Prost sem Senna.



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