domingo, 11 de maio de 2014

O incrível domínio da Mercedes

Mercedes domina a temporada de 2014
A temporada de 2014 da Fórmula 1 será lembrada como a que trouxe grande mudança no regulamento da categoria e também pelo impressionante domínio da equipe Mercedes neste início, onde nas cinco provas disputadas anotou todas as poles e vitórias possíveis.
Hamilton e Rosberg brigam ponto a ponto pela liderança do campeonato de pilotos, o inglês com a vitória em Barcelona – a quarta seguida – chegou aos 100 pontos, o alemão está com 97.
Evidente que Hamilton é mais talentoso e rápido que Rosberg e isso tem se mostrado nesta temporada. Nico aproveitou a primeira corrida, na Austrália, em que Hamilton teve que abandonar por problemas no motor para vencer. Nas demais provas ficou sempre em segundo, acompanhando Lewis, soberano e agora líder do mundial.
Barcelona foi uma corrida incrível para a Mercedes, em que foi possível perceber nitidamente que as demais equipes estão a um abismo de distância. Daniel Ricciardo da Red Bull que completou o pódio ficou 49 segundos atrás das flechas de prata.
Hamilton e Rosberg deram uma volta em Raikkonen o sétimo colocado, ou seja, eles apenas não colocaram um volta em 4 pilotos. Fato impressionante!
Mas em toda a historia da categoria já houve equipes com domínio intenso durante a temporada, o que a Mercedes certamente deve impor em 2014.

Confira a lista dos carros imbatíveis:

Lotus-Climax 1963
Tendo como piloto o lendário Jim Clark, a Lotus venceu o campeonato de maneira soberana, ganhando 7  das 10 corridas disputadas naquele ano. Sendo derrotada apenas nas pistas de Monaco (vitória de Graham Hill da BRM), Nurburgring (John Sturtees da Ferrari) e Watinks Glen (nova vitória de Graham Hill).
O campeão daquele ano foi Jim Clark, que venceu as 7  provas pela equipe.
Na época não havia a disputa do título de construtores, mas se houvesse sem dúvidas a Lotus-Climax levaria o título.

Lotus-Climax 1963

McLaren-TAG 1984
A McLaren de 1984 reunia o bicampeão Niki Lauda, já no final de sua carreira e o francês recém chegado da equipe Renault Alain Prost.
A equipe de Woking venceu 12 das 16 corridas disputadas naquela temporada, marcando ao todo 143,5 pontos, contra 57,5 da Ferrari segunda colocada no mundial de construtores.
Essa temporada ainda marcou a menor diferença de pontos que decidiu um campeonato de pilotos, 72 pontos para o campeão Niki Lauda contra 71,5 do vice-campeão Alain Prost.

McLaren-Tag 1984

McLaren-Honda 1988
Em 1988 a McLaren trazia duas novidades: A primeira com a chegada da grande “promessa” Ayrton Senna que vinha da Lotus. A segunda pelo início da parceria de 5 anos firmada com japoneses da Honda para o fornecimento dos motores.
O resultado foi incrível, a equipe venceu simplesmente 15 das 16 corridas, sendo “derrotada” apenas pela Ferrari de Gerhard Berger em Monza.
O campeonato de construtores foi vencido com 199 pontos, contra 65 da vice-campeã Ferrari.
Ayrton Senna levou aquele campeonato com 90 pontos 3 a mais que Alan Prost, então vice-campeão.

McLaren-Honda 1988

McLaren-Honda 1989
Acabou a temporada de 1988 e começou a de 1989. Mas não parecia bem isso. A equipe da McLaren continuou a colecionar vitórias, desta vez foram 10 em 16 corridas.
O domínio resultou em novo título de construtores com 141 pontos anotados. A Williams, como o emergente motor Renault, foi segunda colocada com 77 pontos.
O título de pilotos dessa vez ficou com Alain Prost, após uma batida questionável e com a posterior desclassificação de Senna após o GP de Suzuka.
 
McLaren-Honda 1989

Williams-Renault 1992
Confirmando as expectativas do final do ano de 1991, quando encerrou a temporada em alta comparada à McLaren que fora campeã, a Williams-Renault FW 14-B não deu chances as suas concorrentes.
O bólido era dotado dos inovadores eficientes controle de tração e suspensão ativa controlada por computador, e ainda contava com um potente e confiável motor V10 superior ao V12 da Honda da rival McLaren. Naquele ano, os carros da equipe de Grove foram batizados por Ayrton Senna como os “carros de outro planeta”, devido sua superioridade notável.
A equipe venceu 10 das 16 corridas, anotando ao final da temporada 164 pontos.
Nigel Mansel conseguiu seu único campeonato com 9 vitórias e 108 pontos conquistados, quase o dobro do segundo colocado e companheiro de equipe Riccardo Patrese que ficou com 56.
 
Williams-Renault 1992
Williams-Renault 1993
A temporada de 1993 começou com novidades para na equipe de Frank Williams, com a saída de Mansell para a Fórmula Indy e o retorno de Alain Prost para a categoria, após um ano sabático quando foi demitido da Ferrari durante a temporada de 1991.
Contando com a base vencedora do carro anterior, a Williams dominou a temporada com 10 vitórias nas 16 provas disputadas, anotando 168 pontos, o dobro da McLaren segunda colocada.
Alain Prost ganhou seu quarto título com 7 vitórias e se aposentou da Fórmula 1.

Williams-Renault 1993
Benetton-Renault 1995
Coroando a boa temporada da equipe em 1994, ainda correndo com motores Ford, a Benetton fechou contrato para fornecimento de propulsores com a Renault, formando um grande conjunto carro-motor em busca de seu primeiro título de construtores.
E equipe passeou na temporada, com um Michael Schumacher preciso e um Johnny Herbert competente a equipe logrou 11 vitórias em 17 grandes prêmios, levando seu único campeonato de construtores com 147 pontos.
Michael Schumacher ganhou seu segundo título com 109 pontos anotados.
 
Benetton-Renault 1995

Williams- Renault 1996
Após a derrota no campeonato de 1995, a Williams se aproveitou da saída de Schumacher da Benetton para a Ferrari, que estava em reformulação, para ser campeã sem qualquer dificuldade.
A dupla de pilotos Damon Hill e Jacques Villeneuve venceram 12 das 16 provas disputas naquela temporada.
No fim do ano o saldo foi de 175 pontos, contra 70 da Ferrari, número que traduzem a superioridade da equipe naquela temporada.
Damon Hill ganhou seu título com 8 vitórias e 97 pontos somados.
 
Williams-Renault 1996

Ferrari 2002
Após sair da fila de títulos de construtores em 1999, que já durava 16 anos, a Ferrari teve uma temporada de 2002 impecável, com um domínio impressionante.
Com Schumacher completando as 17 provas da temporada e Barrichello 12, o F2002 venceu 15 dos 17 grandes prêmios do ano, sendo coroada como a grande campeã com incríveis 221 pontos, tendo a Williams-BMW como segunda colocada com 92 pontos.
Michael Schumacher venceu 11 provas, sagrando-se pentacampeão com 144 pontos, exatamente o dobro de Barrichello vice-campeão naquela temporada.
 
Ferrari 2002

Ferrari 2004
Após uma temporada de 2003 apertada, a Ferrari voltou novamente a dominar a Fórmula 1, não dando chances para suas maiores concorrentes Williams, McLaren e Renault que juntas conseguiram apenas 3 vitórias.
Com 15 vitórias nas 18 provas disputadas naquela temporada, a Ferrari conquistou incríveis 262 pontos, contando com 8 dobradinhas.
Michael Schumacher conquistou seu sétimo e último título com 13 vitórias e 148 pontos conquistados contra 114 de Barrichello vice-campeão naquele ano.
 
Ferrari 2004


Red Bull-Renault 2011
Após um dos títulos mais disputados da história na temporada de 2010 em que seus dois pilotos o disputaram até a última corrida, a Red Bull venceu de forma tranquila a temporada de 2011.
Com 12 vitórias em 19 provas disputadas a equipe levou seu segundo título de construtores com 650 pontos, soma alcançada graças ao novo sistema de pontuação adotado pela Fórmula 1.
Sebastian Vettel foi bicampeão com 11 vitórias e 392 pontos, 122 a mais que Jenson Button o vice-campeão daquela temporada.
 
Red Bull 2011

Red Bull 2013 
Na temporada de 2013 a Red Bull começou de forma competitiva, mas nada de domínio pleno. Até a décima corrida tinha vencido 4 corridas, Mercedes 3, Ferrari 2 e Lotus 1, o que revelava um campeonato mais disputado.
Foi daí que começou o impressionante domínio de Vettel na temporada, que venceu na sequencia 8 grandes prêmios (Bélgica, Itália, Cingapura, Correia do Sul, Japão, Índia, Emirados Árabes, Estados Unidos e Brasil), estabelecendo seu tetracampeonato como piloto e de construtores para a equipe que ao final da temporada venceu 13 das 19 provas disputadas.
A Red Bull somou 596 pontos contra 360 da Mercedes vice-campeã.
 
Red Bull 2013

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Senna e Prost: Ódio ou respeito?

Boxes da Rothmans Williams Renault em 1994

Com o "aniversário" 20 anos da morte de Ayrton Senna, muitas homenagens foram feitas, dentre elas inúmeros documentários e reportagens produzidos pela Rede Globo, SBT, SporTV, BBC Londres, Sky Sports... Ou seja, um infinito material, rico em imagens inéditas e belas fábulas acerca do mítico tricampeão.


Claro que com o nome Senna em evidência logo vem aquele que o associa à imagem de Alain Prost, francês tetracampeão e um dos maiores adversários de Ayrton dentro do circulo da Fórmula 1.

Para os que se lembram do filme "Senna", que faz crer que Prost, juntamente com Balestre, é o maior vilão que já pisou em um autódromo de F1, traço as seguintes linhas.
Alain não é o demônio criado pelo curta "Senna", assim como o próprio Ayrton não era a pessoa mais fácil de se conviver do mundo. Para comprovar isso basta ler as milhares de biografias acerca de brasileiro.

Desentendimentos são normais entre companheiros de equipe, que antes de mais nada competem entre si, antes mesmo de competir com os demais pilotos. No entanto, estamos falando de dois dos maiores pilotos que já estiveram na categoria.
Prost era calculista, conhecido como le professeur, ou o professor, Alain jamais arriscava perder tudo se a posição que detinha lhe era suficiente para continuar na frente no campeonato ou ao menos manter-se vivo nele. Certamente ele não brigaria por uma vitória se o segundo lugar fosse a ele vantajoso. Não é por acaso que era uma tragédia em pistas molhadas ou mesmo para negociar simples ultrapassagens sobre retardatários. Todavia, o francês sabia, como poucos, utilizar-se a política que existe na Fórmula 1, e o fez através de Jean Marie Balestre (isso é história para uma futura postagem). 
Mas falemos também de coisas boas sobre Alain, que era um piloto extraordinário, excepcional que quando exigido ou pressionado andava como poucos, basta se recordar da temporada de 86, onde leão Nigel Mansell e Nelson Piquet, ambos pilotos da Williams-Honda, o melhor carro da temporada, foram derrotados pela astúcia e frieza do francês narigudo que guiava a McLaren-Tag.
Não vamos puxar o saco demais de Alain, mas devemos admitir que ele era espetacular, e Senna quando entrou na Fórmula 1 sabia disso e o respeitava quando chegou à McLaren em 88, junto com os propulsores japoneses da Honda, que mais pareciam canhões! 

O "novato" Senna queria derrotar o "melhor piloto do mundo" na época, em suas próprias palavras. E foi isso que Ayrton fez em 88; ganhando o título de forma impressionante com uma última corrida simplesmente fantástica em Suzuka, logo após uma largada desastrosa (despencou da 1ª para 14ª posição) o que resultou em uma corrida de recuperação poucas vezes já vista. O ano acabou bem, das 16 corridas a McLaren ganhou 15 (Senna 8, Prost 7), e fez outras 15 as poles positions (13 delas com Senna). Domínio parecido visto apenas com a Williams em 1992, Ferrari em 2002 e a Red Bull em 2011 e 2013.

Turma da McLaren e da Honda junto ao MP4/4
Iniciada a temporada de 89, Prost queria mostrar para a McLaren e para Senna que ainda era o dono do pedaço. Visando isso ficou em segundo no GP Brasil (Senna foi o 11º) e no GP seguinte, de San Marino em Ímola tomou o primeiro posto de Senna logo na largada, antes mesmo da Tamburello. O francês costumava sempre largar bem.
No entanto, foi aí que Ayrton descumpriu um acordo de "cavalheiros" firmado entre ele, Prost e Ron Dennis, chefe da equipe - quem fizesse a primeira curva na liderança da corrida não poderia ser atacado pelo outro até o final da primeira volta - Senna atacou e ultrapassou Prost no final da curva Villeneuve, ainda durante o primeiro giro. Bastou isso para ser iniciada uma verdadeira guerra entre eles, incluindo problemas internos na McLaren e na Honda, bem como troca de acusações entre eles que culminaram na saída de Prost para a Ferrari no final da temporada.
Estava claro que ambos não queriam perder, fato que gerou os infortúnios episódios em Suzuka em 89 e 90, com acidentes propositais que definiram o campeonato de pilotos.



Tem treta que acontece por causa de mulher, a deles começou por causa dessa ultrapassagem 

Mas, para ser sincero, escrevi tudo isso tendo como maior motivação a publicação da ex-assessora de imprensa de Ayrton, Betise Assumpção Head, casada com Patrick Head (aquele mesmo engenheiro/sócio da Williams). Tal publicação foi veiculada em seu blog (clique aqui para ler), na qual ela narra que "correu" para tirar Alain Prost da primeira fila dos encarregados de carregar o caixão de Ayrton, isso em respeito à Senna pelo fato de ele "odiar" Prost.



Uma postagem como essa é capaz de fazer pessoas crerem no demônio Prost, criado com contribuição do filme já citado. O qual entendo não existir!
Eles eram duros inimigos nas pistas e não era amigos fora delas, isso é fato. No entanto, havia um respeito pelo que um representava para o outro.
A conclusão final de toda a baboseira escrita acima é de que Senna queria vencer Alain por considerar ele o melhor de sua época.



Hoje não se lembra de Senna sem Prost, e nem de Prost sem Senna.